TEMATICA


TEMÁTICA

Apresentação das várias relíquias sagradas existentes em várias partes do mundo, relacionados ao cristianismo e outras religiões. O site não tem nenhuma finalidade ou conotação religiosa-doutrinária, mas sim apresentar fatos. Ficará a cargo de cada um o discernimento em relação a cada tema.



domingo, 31 de março de 2013

OS PERGAMINHOS DO MAR MORTO






Lotado de soldados israelenses armados de metralhadoras e fuzis automáticos, o ônibus sai de Jerusalém e segue na direção leste pela estrada que corta o deserto. Horas depois, ele pára em um entroncamento em Qumran, às margens do Mar Morto. O ar em qualquer época do ano é quente, pesado e opressivo nessa região, situada a quase 400 metros abaixo do nível do mar. Ao lado da parada de ônibus, uma trilha íngreme leva ao pequeno morro onde estão algumas ruínas, em frente ao leito pedregoso de um riacho seco, numa estreita garganta conhecida em árabe como wadi.Em 1947, eram britânicos os soldados que guarneciam essa localidade no meio do nada, sem outra utilidade senão a de servir como esconderijo. Ninguém teria interesse em subir nas colinas a poucas centenas de metros além do wadi. Só mesmo um nômade, como o jovem pastor beduíno Muhammad edh-Dib, que em um final de tarde de primavera naquele ano procurava uma cabra desgarrada de seu rebanho.Decidido a resgatar sua cabra, Muhammad seguiu colina acima e começou a vasculhar tudo, inclusive cavernas. Em uma delas, o jovem pastor descobriu alguns jarros de cerâmica, com os restos de sete antigos pergaminhos. Mal sabia ele que tinha nas mãos parte da mais importante descoberta arqueológica do século 20, nas palavras de estudiosos como Lawrence Schiffman, professor de estudos judaicos da Universidade de Nova York. Em meio ao conflito entre judeus e palestinos, os pergaminhos, divididos, foram parar em Jerusalém nas mãos de religiosos e estudiosos, como o arcebispo ortodoxo Mar Athanasius, o arqueólogo Eliezer Sukenik, da Universidade Hebraica, e os pesquisadores liderados por Millar Burrows, da Escola Americana de Pesquisa Oriental. Em 1948, com a criação do Estado de Israel, toda a cidade e a região de Qumran passaram a ser domínio jordaniano.

QUATRO SÉCULOS DE CRISE
332 a. C.Invasão macedônicaAlexandre o Grande conquista a Palestina e dá início ao Período Helenístico, marcado por forte influência grega na política e religião judaicas.
197 a. C. Domínio selêucidaA Judéia torna-se uma província do Império Selêucida, fundado por Selêuco I, um dos generais de Alexandre que o sucederam após sua morte.
167 a. C.Proibição do judaísmoA religião judaica é proibida oficialmente com pena de morte pelo Império Selêucida. O Templo de Jerusalém é transformado num santuário do deus grego Zeus.
166 a. C.Revolta dos MacabeusCom apoio de todos os partidos judeus tradicionais, Judas Macabeu lidera revolta vitoriosa contra os selêucidas.
150 a. C. (?) A seita no desertoOs essênios se fixam em Qumran, às margens do Mar Morto. Liderados pelo Mestre da Virtude, rejeitam as autoridades de Jerusalém, que eram complacentes com a helenização.
63 a. C.A vez de RomaJerusalém é conquistada pelo general romano Pompeu, e a Judéia torna-se província do Império Romano. Crescem os grupos judaicos rebeldes.
6 a. C. (?)Nasce JesusNascimento de Jesus durante o reinado de Herodes na Judéia, que exercia um governo violento e corrupto com apoio de Roma.
30 d.C. (?)ExecuçõesCrucifixão de Jesus por ordem de Pôncio Pilatos, procurador romano e feroz repressor das rebeliões.
66 d. C.A grande rebeliãoInício da Guerra Judaica, com sucessivas revoltas armadas, desencadeadas principalmente pelos zelotas contra as tropas romanas.
68 d. C.Apocalipse essênioDestruição do monastério de Qumran por tropas romanas. Os Manuscritos são escondidos nas cavernas das proximidades, às margens do Mar Morto.
70 d. C.Massacre de JerusalémDestruição e incêndio do Templo de Jerusalém pelo general Tito, filho do imperador Vespasiano. Roma mata milhares de judeus de várias seitas, inclusive a maioria dos seguidores de Jesus.
73 d. C.Aniquilação final Conquista da fortaleza judaica de Masada por tropas romanas.

ESCONDERIJO EFICAZ
Os escritos encontrados por Muhammad edh-Dib continham as mais antigas versões conhecidas de três livros bíblicos – Isaías, Habacuc e Gênesis. Havia outros escritos mais recentes, entre eles o que viria a ser traduzido como Manual da Disciplina, mais tarde como Preceito da Comunidade. Esse era um dos textos religiosos dos essênios, uma das principais seitas ou partidos religiosos hebraicos que, segundo o historiador judeu Flávio Josefo (37–101 d. C) existiram do século 2 a. C. ao ano 70 d. C.Até 1956 foram descobertas em outras dez cavernas de Qumran mais rolos de pergaminho e papiro, envoltos em tecidos de linho e selados com betume. Também foi achado um rolo de cobre, no qual, ao que parece, foi gravada uma lista de esconderijos de tesouros, nunca encontrados, retirados do Templo em Jerusalém para que não caíssem nas mãos dos invasores romanos (veja cronologia). Vários pergaminhos foram reduzidos a milhares de fragmentos pouco maiores que uma unha. Em bom estado havia 12, correspondentes a 813 documentos, a maioria em hebraico, alguns em aramaico e em grego. Estudiosos os dividiram em três categorias: os bíblicos, com versões de todos os livros da Bíblia judaica, exceto o de Ester, muito mais antigas que as conhecidas; os apócrifos, com textos excluídos de várias versões bíblicas; e os sectários, que são comentários bíblicos, trabalhos litúrgicos e regras da comunidade essênia.

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