Maria Madalena é uma das figuras mais importantes e disputadas de todo o cristianismo. Ela costuma ser usada como a prova de que Jesus teria apóstolos e apóstolas — o que contraria a doutrina religiosa de só permitir padres do sexo masculino. Mais que isso, ela é uma personagem central dos Evangelhos, pois é a primeira a visitar o sepulcro de Jesus e perceber que seu corpo não estava lá — e a primeira a reconhecer o Cristo ressuscitado. Do século I ao IV, houve uma grande disputa dentro do cristianismo para decidir se mulheres poderiam ou não assumir funções de proeminência nos ritos religiosos. "No ano 591, o papa Gregório Magno proferiu uma homilia onde juntava duas personagens diferentes citadas no Evangelho de Lucas. Ele afirma que uma mulher vista como pecadora (uma prostituta) e Maria Madalena eram a mesma pessoa. Desse modo, sugere que as mulheres são demoníacas", afirma Chevitarese. No século XIX, a Igreja finalmente voltou atrás: Maria Madalena deixa de ser prostituta e é promovida a santa. Mesmo assim, sua imagem como pecadora continua entranhada no imaginário cristão. Quanto às teorias que defendem seu casamento com Jesus, elas têm origem em uma passagem do Evangelho de Felipe, um dos livros apócrifos, onde os dois personagens aparecem se beijando. "Analisando esse trecho com os olhos de hoje, alguns pesquisadores enxergaram um elemento erótico na cena. Mas no mesmo evangelho Jesus beija seus apóstolos homens. Isso não tinha nada de anormal. Usar isso para afirmar que Jesus tinha um caso com Maria Madalena passa longe de fazer história."
Fonte: Guilherme Rosa - Revista Veja Ciência
Formatação: Helio Rubiales
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